Os anos 60 ainda são fonte de grandes filmes, com grandes histórias, não por conta de tudo que o Brasil passou naquelas época e em meados dos anos 70 mas, sim por conta de toda uma geração daquela época, direito daqueles dias está Domingos de Oliveira que passou quase vinte anos sem dirigir um filme e só no final dos anos 90 ele voltou e meio que se tornou nosso próprio Woody Allen (esse que é a própria inspiração do diretor).
São tantas palavras, são tantos momentos que aqui o diretor conseguiu não só construir um bom roteiro, como também uma boa atmosfera, não fica claro em nenhum momento que o diretor estava fazendo um autorretrato, Caio Blat, é Felipe, protagonista, que vive conflitos internos por conta da roteirização de A Culpa (1971) – a boemia carioca vive em meio à complicada situação política do Brasil durante a década de 1960. Felipe, engenheiro e aspirante a escritor, vive uma vida regada aos prazeres do álcool e festas no apartamento dado por seu pai, localizado na famosa rua , em Copacabana.
Com uma câmera que deixam as cenas claustrofóbicas, o diretor anda por todos os cantos do apartamento, colocando em vista todas as conversas, todos os olhares e pensamentos dos inúmeros personagens, não se limitando o filme ainda conta as relações interpessoais, tudo o que existe envolto nisso, o golpe que estaria muito próximo de acontecer e às contas no boteco da esquina, o filme é uma sequência de nostálgia, é acima de tudo um momento de celebrar a juventude.
Com a junção de homens, mulheres, àlcool e arte, amor e ódio, festas descontroladas e politica, essa mesma combinação que já vimos em tantos outros filmes franceses e em algumas obras-primas americanas, o grande mérito aqui é que Domingos conseguiu construir tudo ao seu modo, com muita personalidade, uma direção estonteante.
Nota – 7,0/10
(BR 716, 2016)
Diretor: Domingos de Oliveira
Roteiro: Domingos de Oliveira
País: Brasil